sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios // Inglourious Basterds

Mila: Assisti Bastardos Inglórios

Vitor: Gostou?

Mila: Achei massa. Adorei os acontecimentos. O filme começa na França ocupada pelos nazistas, onde uma judia, Shosanna, testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa. Após uma ótima introdução com uma intensa conversa entre os personagens de Denis Menochet e Waltz, a jovem consegue escapar e foge para Paris, onde cria uma nova identidade como dona de cinema. Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Pitt) forma um grupo de soldados judeus para aterrorizar os nazistas. Conhecido por seus inimigos como Os Bastardos, o esquadrão de Raine se junta à atriz alemã e agente infiltrada Bridget Von Hammersmark em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. E os destinos convergem para o cinema onde Shosanna está planejando a sua vingança.

Vitor: O filme é mais novo filme do Tarantino, tem vários atores famosos, tipo Brad Pitt, Diane Krüger e Mike Myers (numa pontinha), e alguns ilustres desconhecidos, tipo o Christoph Waltz, que tem a melhor atuação do filme. E eu já comentei sobre ele aqui. Gostei até o último terço, depois perdeu a graça...

Mila: E o filme acabou, né? Não dava pra ter mais graça.

Vitor: Nada disso. Depois tem em torno de meia hora de filme ainda. Muita coisa acontece. Achei sádico demais.

Mila: A cara dele.

Vitor: Esse foi mais exagerado. Perdeu o senso de humor. A maioria dos filmes dele a gente ri da violência, pelo aspecto inesperado e caricato dela.

Mila: Ué.... Kill Bill é assim também... Você não tava de bom humor porque eu mesma ri das “nojeiras” lá...

Vitor: Eu tava... E tava gostando. Até determinado momento. Aí depois morgou tudo. Dou 6,5 pra ele.

Mila: Dou 9,0. Adoreiii.

Vitor: Eu concordo com os críticos de Cannes, que não gostaram tanto assim dele também. Achei engenhoso, entretanto.

Mila: Tudo isso pela questão da violência?

Vitor: Acho que algumas coisas ali não precisavam acontecer.

Mila: Por que não? Vocês são um bando de frustrados (nada pessoal)... O cara escolheu fazer isso e você tem que analisar se o conjunto ficou bom, não o que você preferia que ele fizesse.

Vitor: Ué, tô analisando o conjunto! Ele não soube brincar. Tava brincando de chulipa e lascou logo a porrada.

Mila: Ele quis mostrar que numa guerra, os dois lados perdem. E na vingança também. Se você comete um crime, isso não prejudica só a vítima, prejudica você também. E tem ainda aquela história de que nenhum crime é perfeito, porque realmente não é... Sempre acontece algo inesperado. Você tá é dizendo o que ele deveria fazer...

Vitor: Ué! Pra melhorar o conjunto! Pra perder metade do exagero. Ele cruzou da linha do caricato e caiu no sádico. E não vem com essa "psicologia forense" porque não vem ao caso...

Mila: Despeitado! kkkkkkkk O filme realmente ficou sádico... Concordo plenamente... Mas essa foi a intenção e ele obteve o que queria: causar essa reação. Mas não é porque ele caiu no sádico que ficou ruim. Dentro sádico foi bom.

Vitor: Não ficou ruim. Mas nem bom também... E a reação foi perder o prêmio do festival? Porque quem se inscreve em festival normalmente é porque quer ganhar o prêmio.

Mila: E daí? As pessoas pensam diferente... Injustiças acontecem o tempo todo nessas premiações. Além do mais gosto é que nem "..", cada um tem o seu. Não é porque antes ele era caricato que ele tem que continuar sendo.

Vitor: Não, não precisa. Mas ele passou de uma coisa pra outra em um filme só... Eu acho que as citações, simbolismos e insinuações do filme são muito mais interessantes do que ele em si.

Mila: Concordo que as citações, os simbolismos e as insinuações são muito interessantes. Eita, vou ali um instante e a gente continua já o cunversê...


+ de 1 hora depois...


Vitor: Ligeiro!

Mila: Sim... Continuando e lhe respondendo. Acho que o interessante é o conjunto, uma coisa sem a outra perde a graça.

Vitor: Elementar, minha cara, lógico! Mas elementos prejudicam o conjunto. Tipo uma casa belamente decorada com um elefante colorido no meio. Estraga tudo.

Mila: Ai Vitor, pelo amor de Deus o que é que tem de tão destoante assim no filme? Sinceramente não achei nada destoando. Ele quis ser sádico, mas colocou uma "gracinha" em algumas partes pra não ficar tão pesado. E o final foi perfeito. Já bastava a tensão do filme inteiro, no final ele simplesmente deixa a gente relaxar um pouco, mas só um pouco. Bem, achei o filme bom demais da conta e olha que nem sou tão fã do Tarantino. Gostei de Cães de Aluguel, mas nunca consegui assistir nenhum dos Kill Bill todo, sempre durmo antes de acabar. Nunca assisti Pulp Fiction. E gostei do Kill Shot que foi apenas produzido por ele.

Vitor: Enfim, a cena mais engraçada é o Brad Pitt falando italiano. O “arrivederci” dele já é histórico. E a cena plasticamente mais bonita é a judia passando maquiagem.

Mila: A cena mais engraçada é essa mesmo. Mas enfim, não achei que ele quisesse realmente empregar um tom caricato ao filme. As risadas que ele causa servem para que o filme não fique chocante demais, do contrário ficaria muito indigesto. Já bastam os "20" Jogos Mortais que existem por aí! E os atores estão sensacionais. Adorei a Shosanna e o Hans Landa.

Vitor: O filme é caricato em si. Iguais a maioria dos outros dele. E o filme tem dois personagens claramente caricatos: o do Brad, e o Hitler (que eu achei dispensável. Ele podia ser só uma sombra que passava). Mas passa do ponto no terço final. Por isso que eu acho que perde a graça. Ele reescreveu a guerra de uma maneira que ficasse mais cinematográfica.

Mila: Ao meu ver, ele não reescreveu a guerra, reescrever seria pegar um acontecimento real e dar um outro enfoque a ele. Ele criou uma história fictícia dentro de um contexto real. Mas a história é fictícia. O Brad é caricato até certo ponto, pois se não fosse, as cenas em que ele aparece (geralmente cenas grotescas) ficariam muito pesadas.

Vitor: Ué, a guerra não foi um acontecimento real? E ele reescreveu o fim da guerra.

Mila: A Guerra foi, mas ele criou uma história que não aconteceu. Nem o fim da guerra se deu daquela forma, nem houve os bastardos até onde sei.

Vitor: Então ele reescreveu a historia da guerra. Deu outro rumo.

Mila: Até onde sei Hitler se suicidou. Pelo menos foi isso que aprendi.

Vitor: Sim. Seus argumentos só corroboram mais a minha tese...

Mila: Em que ponto eu estaria corroborando a sua tese? Como já disse, para mim, reescrever é dar outro enfoque apenas, pois ninguém pode voltar no tempo e mudar a história, reescrevendo-a.

Vitor: Ai, Jeová! Aurélio já!

Mila: Serve Larousse? "Reescrever = escrever outra vez." A história é totalmente fictícia. Ele usa um CONTEXTO que foi real sim. Mas a história é pura ficção. Reescrever é escrever uma coisa outra vez. Combinemos que ninguém pode reescrever um fato que já ocorreu modificando-o, pois para modificá-lo seria necessário voltar no tempo e revivê-lo para então mudar o seu rumo. Deixemos a história do reescrever de lado.

Vitor: Ué! Ele modificou a história. Dentro do filme. A Guerra aconteceu, ora pombas! Ele reescreveu a história da Guerra. Igual se ele escrevesse Chapeuzinho Vermelho onde ela tivesse um revólver e atirasse no lobo mau no meio do bosque. Ou então Cleópatra tivesse vivido “feliz para sempre” com Júlio Cesar. Não precisa ter uma máquina do tempo e mudar a história da humanidade. Ele pegou uma história real e deu outro rumo. Reescreveu o desandar da Guerra.

Mila: Não, ele criou uma história fictícia. Apenas não se deu o trabalho de criar um novo contexto, usou um já pronto que foireal e amplamente conhecido.

Vitor: Novamente, todos os argumentos que você usou só evidenciam que ele reescreveu a história...

Mila: Meu filho, não vou ficar discutindo semântica com você. ;D

Vitor: Pois é! Pergunte a Dona Terezinha (avó dela, professora de português) que ela te explica.

Mila: Para mim, ele usou justamente o contexto da II Guerra Mundial para criticar o holocausto. E para satisfazer um desejo que, pelo menos eu teria se vivesse durante a Guerra. Minha frase no final do filme foi "O Tarantino se vingou por nós!".

Vitor: Enfim. Essa conversa já ficou chata. A gente briga da próxima vez falando de outro filme...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Milk

Vitor: E aí? O que achaste do filme?

Mila: Achei maravilhoso! Um dos que merecia o Oscar de melhor filme, no lugar de Quem Quer Ser Um Milionário.

Vitor: Eu também. Acho que esse ano muitos filmes bons foram indicados. Mas colocaram na cabeça que o "indiano" era superior. Na verdade os acordos financeiros entre as produtoras americanas e indianas em tempos de crise devem ter "ajudado" muito nessas escolhas.

Mila: Com certeza. O protagonista é Sean Penn, que por sinal está maravilhoso. Ele mereceu a estatueta de melhor ator!

Vitor: O segundo dele, por sinal. Lembrando que o filme foi dirigido pelo Gus Van Sant, que ficou famoso por filmes como Gênio Indomável, com o Matt Damon, e Garotos de Programa, com River Phoenix e Keanu Reeves. Sean Penn faz o militante Harvey Milk, primeiro político abertamente homossexual dos EUA. Ele era o "prefeito" do distrito do Castro, o bairro gay da cidade.
Além do Sean Penn, há outros famosos no elenco: James Franco, Emile Hirsch, Diego Luna e o Josh Brolin, indicado a coadjuvante. Além de melhor ator, o filme ganhou Oscar de roteiro original para Dustin Lance Black, que há algumas semanas foi mais um dos famosos a ter uma sex tape divulgada na web.

Mila: Que babado, hein! Enfim, o filme mostra a luta dos homossexuais para vencer o preconceito e ingressar no mundo da política.

Vitor: O que hoje em dia não é nada comum também, diga-se de passagem.

Mila: Pois é, eu digo que atualmente de todas as pessoas que dizem não ter preconceito, metade realmente aceita, enquanto a outra metade finge que aceita.
Eu não tenho muito o que comentar sobre o filme, pois achei maravilhoso. O filme é bem feito e a história do personagem principal é muito interessante. O filme mostra não só o preconceito, mas também a repressão que os homossexuais sofriam.

Vitor: E ainda sofrem né! A vida continua não sendo nenhum mar de rosas para qualquer minoria.

Mila: É verdade. Um exemplo disso foram os atentados sofridos por um grupo que se reuniu após a Parada Gay esse ano em São Paulo. Jogaram até bomba caseira.

Vitor: Não só isso. A repressão das pessoas, da sociedade, que diz que aceita numa boa, contanto que seja escondido nos becos. Ou seja, uma forma clara de discriminação, já que não há inserção social. Os exemplos são diversos. Poderíamos passar o dia citando.

Mila: A isso chamamos de HIPOCRISIA. E acho melhor pararmos por aqui, pois o filme, assim como a vida real, falam por se sós.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Leitor // The Reader

Vitor: O Leitor foi dirigido pelo Stephen Daldry, que dirigiu apenas 3 filmes: Billy Elliot, As Horas e esse. Foi indicado ao Oscar pelos 3. É também o último projeto dos diretores e produtores Sydney Pollack e Anthony Mighella. Anthony ganhou o Oscar por O Paciente Inglês e fez Cold Mountain e O Talentoso Mr. Ripley. Pollack ganhou o Oscar por Entre Dois Amores e fez Tootsie, A Intérprete, A Firma e Os Fabulosos Baker Boys. Ambos morreram durante as filmagens. Que chato...

Mila: E só quer ser O Exorcista!

Vitor: Nada a ver né...

Mila: Fale-me do elenco!

Vitor: Kate Winslet foi contratada para o papel principal, mas estava filmando Foi Apenas Um Sonho, então Nicole Kidman assumiu e começou a filmar. Nicole engravidou... Então Kate voltou e terminou o filme, já que ela já tinha acabado "Sonho". No elenco estão ainda Ralph Fiennes e David Kross (o mesmo papel do Ralph, quando jovem). David é alemão e teve de decorar as falas em inglês, uma vez que tinha um conhecimento básico da lígua.

Mila: Bem, a história se passa na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial. Apesar da história se passar na Alemanha, a comunicação entre os personagens se dá pelo inglês.

Vitor: É um dos furos do filme, mas isso acontece. Coisas parecidas já fizeram antes com, por exemplo, O Último Imperador, do Bernardo Bertolucci, que se passa na China, e O Beijo da Mulher Aranha, que se passa no Brasil (e com elenco quase todo braisleiro).

Mila: Isso é verdade. Mas o filme é muito bom mesmo. Conta a história de um jovem alemão que se apaixona por uma mulher mais velha.

Vitor: Mas ela desaparece da vida dele da mesma forma que entrou. Anos mais tarde, quando estudava direito. ele a reencontrou sendo julgada por crimes de guerra.

Mila: Isso! Então ele se encontra perdido em seus sentimentos.

Vitor: O filme não tem muito o que comentar não. É uma história bonita, e o bom dela é que ele não a julga em momento algum. A trata como uma pessoa com virtudes e defeitos, independente das suas ações.

Mila: O filme é maravilhoso e rendeu à Kate um Oscar de melhor atriz. O que já é propaganda suficiente para ser assistido!

Vitor: Ela ganhou depois de ser indicada 6 vezes. Ela com certeza é a melhor atriz da sua geração.

Mila: Na verdade, acho que o papel dela em Foi Apenas um Sonho exigiu mais do seu trabalho... Mas ela ganhou o Oscar mesmo assim e tá valendo.

Vitor: Eu também achei melhor. Mas filme sobre holocausto é sempre melhor recebido por Hollywood. Vale lembrar que fora de Israel, os EUA são o país com maior percentual de população judia. E a comunidade judaica é poderosa na indústria cinematográfica e do entretenimento.

Mila: Desse babado eu não sabia! Enfim, hoje concordamos em tudo né! Milagres acontecem...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Foi Apenas um Sonho // Revolutionary Road

Vitor: Foi Apenas Um Sonho (Revolutionary Road) foi um dos filmes mais importantes da temporada, apesar de ter sido meio desprezado pelo Oscar. Reuniu novamente Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, depois do sucesso de Titanic. O filme foi dirigido pelo marido da Kate, Sam Mendes, que ganhou o Oscar por Beleza Americana. Já falei sobre ele aqui. O que achasse do filme?

Mila: Eu gostei. O pessoal que foi comigo divergiu um pouco na interpretação. Uns acharam que o filme queria passar a mensagem de que os casais não vivem num eterno amor e paixão, enquanto outros acharam que o filme passava a mensagem de que, às vezes, é melhor não dizer a verdade porque o único casal do filme que não se dá bem é eles, por serem sempre sinceros um com o outro. Depois a discussão foi se ela fez o aborto pra agradar o marido ou se ela fez o aborto porque queria fazer de qualquer jeito.

Vitor: Eu já entendi tudo diferente. O filme é uma denúncia da falsa felicidade que é vendida pras pessoas. Uma casa no subúrbio para criar os filhos, um emprego estável, as pessoas se acomodam nessa situação, mas na verdade elas não gostam dessa vida, mas tem medo de tentar algo diferente.

Mila: Sim, sim... Isso também... Mas acho que isso não é controverso... As pessoas preferem ter uma estabilidade a querer se arriscar, é a escolha que a maioria faz.

Vitor: Vivem uma felicidade de propaganda de margarina pra mostrar ao mundo e se iludem nessa farsa que criam.

Mila: Sei... Tem gente que vive assim porque gosta e tem gente que vive assim por escolha, pelos motivos que você disse aí em cima, para mostrar aos outros que vivem "bem".

Vitor: Mas muitos acreditam que são felizes assim e não são. Ela quer mudar de vida, coloca a idéia de Paris na cabeça, mas podia ser qualquer lugar, o importante era sair dali.

Mila: Muitos acreditam não, né. Eles mostram pra gente que acreditam, mas dentro de casa quando ninguém vê, eles sabem que são infelizes. Já essa parte do filme eu acho uma babaquice. Ser pobre lá e em Paris ia dar na mesma.

Vitor: Mas quanto mais se conta uma mentira, uma hora ela se torna uma verdade, você acaba acreditando nela. Tem gente q cria seu mundo, mas o baque sempre vem, e vem feio.

Mila: Não acho. Acho muito relativo isso de felicidade. Cada um quer uma coisa diferente. E são felicidades de maneiras diferentes. Ela precisava era mudar o jeito de viver.

Vitor: Sim, lógico. Mas ela era infeliz daquele jeito, e precisava mudar de alguma forma. Ela tomou uma atitude.

Mila: Concordo plenamente que o povo mente até pra si mesmo. Mas nem 8 nem 80... Ela foi pro outro extremo de querer mudar tudo. Achei uma ingenuidade.

Vitor: Não acho, não. O ambiente muda muito. Ela já viveu ali e sabia que aquela vida não era a dela.

Mila: Evidente. E não adianta discutir. Cada um acha uma coisa diferente porque ninguém é igual.

Vitor: ...ela queria ir pra Paris, porque era um lugar que ele gostava, uma forma de fazer ele se mover e tentar mudar. Ele se empolgou, mas depois amarelou, se conformou com um aumento no emprego que não ia mudar a vida dele, que ele nem gostava. Ou seja, caiu no conformismo. Mas os problemas deles lá continuariam sendo os mesmos, viver uma vida que eles não gostavam e nem se entendiam.

Mila: Rapaz, ele dizia que não gostava do trabalho até o dia em que ele foi elogiado e ele começa a gostar... Pelo menos é o que parece. Só que ela não tinha vida. Vivia só pra cuidar dos filhos, e isso não é vida. Por isso que ela queria uma mudança mais do que ele, até porque a vida dele começou a mudar de certa forma. Ele dizia que não queria viver a mesma vida do pai...

Vitor: Mas fazia a mesma coisa, o mesmo emprego. A vida era a mesma e ele se animou com a novidade, com a promoção, mas isso ia passar e acabar voltando pra estaca zero. Verdade que ela não sabia o que queria, só sabia que não queria aquilo lá. Já viveu o que tinha pra viver lá e estava pronta pra tentar novas coisas.

Mila: É... Mas ainda achei a personagem dela muito ingênua, porque ela não fez nada lá pra mudar a vida dela, e botou na cabeça que em Paris ela ia ser feliz. Acho que não é por aí... Mudar de cidade porque gosta mais da outra não quer dizer que vai ser bem mais feliz...

Vitor: Mas ela não tinha como mudar a vida dela lá.

Mila: Sempre tem... Era só arranjar um emprego que num instante ela parava de pensar besteira. O problema é que nenhum dos 2 sabia o que realmente queriam fazer da vida.

Vitor: Mas eram anos 50, no interior dos EUA, quando vendiam a imagem do “American dream”, “American way of life”, uma casa no subúrbio e uma geladeira era a vida dos sonhos e ao alcance de todos. Aquele não era o mundo dela. Ela era atriz. Frustrada, mas era... Ela ia arrumar um trabalho igual ao do marido e odiar.

Mila: Ahhh, então tá certo. Eu continuo achando que ela era muito imatura. Ela pensasse nisso antes de fazer os filhos dela. Não adianta discutir isso, cada um pensa numa solução diferente e pensa que faria algo diferente.

Vitor: Têm que entrar num consenso...

Mila: Eles... a gente não...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Vicky Cristina Barcelona

Mila: Hoje fui no cinema ver Marley e EU, mas me deparei com uma fila gigantesca no Iguatemi, então fui pro Sesi, tinha esquecido como era bom comer pipoca com manteiga e sentar em uma poltrona confortável!

Vitor: Eu nunca vi nada no Sesi. Nem sei onde é, pra ser sincero. E viu o que afinal?

Mila: Fui ver o aclamado Vicky Cristina Barcelona. Bem, eu ia ao Sesi desde que ele era o Art Pajuçara! É um cinema menor, mas sempre foi muito aconchegante.

Vitor: Eu nunca fui... Já vi Vicky faz um tempinho. E sinceramente, gostei, mas não tenho muita mais coisa dele em mente. Já falei dele aqui.Woody é sempre acima da média, mas ele já fez coisas bem melhores.

Mila: Então, eu faço as honras: é uma história de 2 amigas que vão passar o verão em Barcelona e lá conhecem um pintor um tanto quanto pitoresco. As 2 ficam envolvidas com ele. Daí pra frente a história se desenrola!

Vitor: Sim. Meio mal desenrolada, mas desenrola. Esse é o tipo de filme que com o passar tempo vai perdendo o encanto. Eu gosto menos do que quando vi e escrevi a minha crítica no meu outro blog.

Mila: Achei o filme muito bom, primeiro porque tem um estilo um pouco diferente de contar a história, segundo porque ele tenta quebrar alguns estereótipos. Além do mais, eu gostei da história! Não é a coisa mais interessante do mundo, mas ela nos prende a atenção!

Vitor: Não achei diferente não. Aquele narrador onisciente é comum nos filmes dele. E explica coisa demais. Coisas que são irrelevantes (tipo, Vicky foi no banheiro e trocou o seu OB), ou então fáceis de serem captadas. E as personagens são engraçadas e tal, mas não tão bem delineadas. A Penélope Cruz que já ganhou vários prêmios por esse filme, sobreatua o tempo inteiro. Nos vendem a imagem de uma mulher sexy, atraente, inteligente e cativante, e quando ela aparece ela é uma louca histérica que dá escândalo a cada 5 minutos. De atraente não tem nada.

Mila: O que você quer dizer com sobreatua?

Vitor: Exagera. Faz mais coisas do que é necessário.

Mila: Bem, ao meu ver, o narrador, que é realmente exagerado nos detalhes, deu um tom cômico e a Penélope também! E falei que a narrativa é um POUCO diferente porque difere da grande maioria dos filmes. E se está em todos os filmes dele, então é uma marca dele. E, por falar em outros filmes, quais os outros filmes que o Woody fez?

Vitor: Mais de 40. Annie Hall (oscar de melhor filme no fim dos anos 70), A Rosa Púrpura do Cairo (o meu favorito), Hannah e Suas Irmãs, Maridos e Esposas, Crimes e Pecados, O Sonho de Cassandra, Match Point, Scoop, Poderosa Afrodite, O Escorpião de Jade, Poucas e Boas. Celebridade, Tiros Na Broadway, Desconstruindo Harry, Manhattan, Melinda Melinda, Sonhos Eróticos de Uma Noite de Verão, Todos Dizem Eu Te Amo, Tudo o que Você Sempre Quis Saber sobre Sexo, Zelig, Igual a Tudo na Vida e muitos outros.

Mila: Daí só assisti O Sonho de Cassandra, Scoop e Match Point!

Vitor: Bom, narração existe em diversos filmes. Nesse estilo eu lembro Menina de Ouro, Pecados Íntimos, além dos próprios filmes dele. Além de Benjamin Button, Forrest Gump, etc. A Penélope dá vida ao filme, porque ele é monótono enquanto ela não aparece. Ela é meio engraçada na tela, mas na vida real, no dia-a-dia, ela seria engraçada? E ela não é o que a história propõe. A mulher arrebatadora e interessante. É só uma descontrolada passional.

Mila: Bem, eu não tive essa ilusão porque quando falam sobre o relacionamento dela com o marido, eu imaginei uma louca mesmo! Quanto à narração, não tem jeito, não concordaremos... Mas provavelmente eu não assitiria o filme de novo porque a história é apenas uma história! Mas acho que vale à pena conferir! Agora me diga porque estavam dizendo que o Woody estava imitando o Almodóvar nesse filme, não é só pela Penélope, é?!

Vitor: É parecido pelas mulheres loucas, os cenários e as músicas de fundo. Além do Javier, que já fez muito filme do Almodóvar. Mas também são características do Woody as chatas neuróticas. Só que nenhuma delas têm tanta vida quanto as de Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, por exemplo. E o Woody varia. Normalmente quando ele atua, ele faz esses papéis (nesse filme, a Vicky seria ele). O que não deixa de ser ele mesmo dentro das histórias.

Mila: Bem, termine a ficha técnica para que possamos ir dormir!

Vitor: Direção e roteiro, Woody Allen. Elenco: Scarlet Johansson, Rebecca Hall, Javier Barden, Penelope Cruz e Patricia Clarkson.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button // The Curious Case Of Benjamin Button

Vitor: Já conferiu a nova obra de David Fincher?

Mila: Claro que sim, você me fez uma recomendação muito boa, eu não poderia perder. Eu adorei o filme, ou melhor, amei o filme! Devo dizer que há muito tempo não via um filme tão bom e com uma história tão interessante e diferente (é, eu adoro coisas diferentes). Mas, como sempre digo, se o filme é bom, o livro deve ser perfeito. O livro tem mais méritos pelo simples fato de a história, que é o bom do filme, partir dele.

Vitor: Falei sobre ele aqui. O filme veio de um conto, não de um livro na verdade. É um conto de F. Scott Fitzgerald publicado em uma revista e que depois foi publicado num livro junto com diversos outros contos.

Mila: Um conto bem antigo de 1921.

Vitor: E é uma adaptação, ou seja, o roteiro foi baseado nele. Criaram uma extensão da história do conto. Foi mais ou menos o que fizeram com Brokeback Mountain.

Mila: Bem, já que é uma adaptação não dá para comparar.

Vitor: Normalmente é assim. Mesmo quando são de livros. Até pra não ser exatamente a mesma coisa.

Mila: Quem é esse diretor que suponho não conhecer?

Vitor: David Fincher é o diretor de Seven, Quarto do Pânico, Clube da Luta e Zodíaco.

Mila: Muito bom! Gostei de todos eles, só o zodíaco que me deixou um pouco impaciente por ser um pouco longo!

Vitor: O roteirista é o eric Roth, o mesmo de Forrest Gump. No elenco os três principais são Brad Pitt e Cate Blanchett, que dispensam apresentações, e Taraji P. Henson, que fez Hustle and Flow, que eu não sei o nome em português. O filme é brilhante. A narrativa me lembra muito Forrest, e Titanic, pela forma como a história é abordada.

Mila: É verdade, apesar de o filme ser longo a gente nem sente a hora passar, mesmo em cinemas como os daqui de Maceió. Aqui, você vai escorregando na cadeira, porque não tem mais espuma, até que a coluna começa a doer! O filme conta a história de um bebê que nasce velho e ao longo dos anos ele vai rejuvenescendo. Só que, no meio do caminho, ele se apaixona por uma menina que corresponde ao seu amor.

Vitor: E a gente acompanha o seu amadurecimento diferenciado.

Mila: Enfim, o filme é um romance, mas que tem uma pitada de comédia e de drama, resultando em receita infalível! Além do mais, o Brad e a Cate estão maravilhosos. Brad está cada vez melhor, concordo com você quando você diz que ele está no auge de sua carreira, fazendo papéis bem diferentes e interessantes!

Vitor: Não só na carreira, mas também como procriador...

Mila: Bem, vamos parar por aqui porque estou com medo de contar o filme, pois ele se explica por si próprio...

Vitor: De acordo. Só o que posso dizer é que é um filme, inusitado, e sensível, sobre a vida e as pequenas coisas que a tornam especial.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Crepúsculo // Twilight

Mila: Depois de muita resistência, acabei indo assistir ao tão falado Crepúsculo (Twilight). Confesso que gostei, confesso também que estava com um preconceito já bem formado. Ficha técnica, antes de mais nada, Vitor.

Vitor: Eu não sabia nada da historia pra ser sincero. Só sabia que era sobre vampiros. Falei sobre ele aqui. O filme foi dirigido por Catherine Hardwicke, que dirigiu Aos Treze e Os Reis de Dogtown e protagonizado por Kristen Stewart, como a Bella, e o Robert Pattinson, de Harry Potter, como a Fera, digo, como o vampiro. Ela é até boa atriz. Mediana. Mas ele é tenebroso. Canastrão mesmo! Ele e Keanu Reeves brigam no tapa pra ver quem é mais inexpressivo.

Mila: Bem, eu gosto muito do Keanu, mas você falou algo agora que me fez perceber que, realmente, ele faz sempre a mesma cara em todos os filmes! Hoje não durmo, perdi um ídolo.

Vitor: Eu gosto dos filmes que ele faz, assim como o Bruce Willis, mas não são bons atores... E chamam publico, que é o mais importante pras produtoras.

Mila: E o Fera, aí, foi bem inexpressivo mesmo, mas acho que tem um dedo da diretora nisso, não achei ele tão ruim no fantástico mundo de Harry Potter.

Vitor: Eu nem o vi no Harry Potter. Esses filmes de duendes, hobbits, gnomos, bruxa dos mares, eu tô fora. Mas não acho que tenha o dedo da diretora não. Ela consegue tirar boas atuações dos atores em todos os seus filmes. Principalmente no Aos Treze.

Mila: Esse aí, expressivo até demais. Assisti quando era mais nova e fiquei meio chocada! A atriz é a mesma do Across The Universe, não é?

Vitor: Sim. A Evan Rachel Wood, namorada do Marilyn Manson. Doente mental...

Mila: Aff, desencantei de outro artista que eu gostava.

Vitor: O filme que eu mais gosto dela e Correndo com Tesouras. Mas não faz parte do assunto. Voltemos ao filme.

Mila: O filme conta a história de uma menina normal que se apaixona por um vampiro bonzinho (daqueles que só matam animais), depois que ele salva a vida dela. É um romance bem legal. Depois ainda tem uma briguinha com um vampiro do mal (daqueles matam humanos) e acaba deixando um quero mais, ou seja, vem a continuação por aí. Mas o ponto central é que o amor não tem fronteiras (não, não é o filme da Jolie).

Vitor: A briguinha é muito sem graça e estraga o filme. Falando bem, a história poderia ter se centrado apenas no romance e ter se tornado algo muito mais denso, bonito. Maaaaassssss, o que esse povo quer é $, então, tome continuações por ai!

Mila: Concordo. O bom do filme é que, em vez de ser um romance entre negros e brancos, entre pobres e ricos, colocou-se um humano e um vampiro. Acho que isso se deu por 2 motivos: primeiro porque dá dinheiro, pois aborrescente adora romances impossíveis; segundo, é uma forma de se colocar um exemplo absurdo (porque vampiros não existem, creio eu) para mostrar que o amor sincero não acontece só entre casais bonitos e ricos. Apesar de que o ator e a atriz são bem bonitos né!

Vitor: Sim. No livro me disseram que ela deveria se feia... Mas a atriz é bem acima da média.

Mila: Bem, considero um bom filme. Vale a pena ser visto! O dinheiro não vai ser mal gasto.

Vitor: Não. Eu gostei também, mas poderia ser melhor. Mas e filme pra adolescente. Tem que ter uns clichezinhos pra agradar o publico alvo.

Mila: É verdade.