quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Leitor // The Reader

Vitor: O Leitor foi dirigido pelo Stephen Daldry, que dirigiu apenas 3 filmes: Billy Elliot, As Horas e esse. Foi indicado ao Oscar pelos 3. É também o último projeto dos diretores e produtores Sydney Pollack e Anthony Mighella. Anthony ganhou o Oscar por O Paciente Inglês e fez Cold Mountain e O Talentoso Mr. Ripley. Pollack ganhou o Oscar por Entre Dois Amores e fez Tootsie, A Intérprete, A Firma e Os Fabulosos Baker Boys. Ambos morreram durante as filmagens. Que chato...

Mila: E só quer ser O Exorcista!

Vitor: Nada a ver né...

Mila: Fale-me do elenco!

Vitor: Kate Winslet foi contratada para o papel principal, mas estava filmando Foi Apenas Um Sonho, então Nicole Kidman assumiu e começou a filmar. Nicole engravidou... Então Kate voltou e terminou o filme, já que ela já tinha acabado "Sonho". No elenco estão ainda Ralph Fiennes e David Kross (o mesmo papel do Ralph, quando jovem). David é alemão e teve de decorar as falas em inglês, uma vez que tinha um conhecimento básico da lígua.

Mila: Bem, a história se passa na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial. Apesar da história se passar na Alemanha, a comunicação entre os personagens se dá pelo inglês.

Vitor: É um dos furos do filme, mas isso acontece. Coisas parecidas já fizeram antes com, por exemplo, O Último Imperador, do Bernardo Bertolucci, que se passa na China, e O Beijo da Mulher Aranha, que se passa no Brasil (e com elenco quase todo braisleiro).

Mila: Isso é verdade. Mas o filme é muito bom mesmo. Conta a história de um jovem alemão que se apaixona por uma mulher mais velha.

Vitor: Mas ela desaparece da vida dele da mesma forma que entrou. Anos mais tarde, quando estudava direito. ele a reencontrou sendo julgada por crimes de guerra.

Mila: Isso! Então ele se encontra perdido em seus sentimentos.

Vitor: O filme não tem muito o que comentar não. É uma história bonita, e o bom dela é que ele não a julga em momento algum. A trata como uma pessoa com virtudes e defeitos, independente das suas ações.

Mila: O filme é maravilhoso e rendeu à Kate um Oscar de melhor atriz. O que já é propaganda suficiente para ser assistido!

Vitor: Ela ganhou depois de ser indicada 6 vezes. Ela com certeza é a melhor atriz da sua geração.

Mila: Na verdade, acho que o papel dela em Foi Apenas um Sonho exigiu mais do seu trabalho... Mas ela ganhou o Oscar mesmo assim e tá valendo.

Vitor: Eu também achei melhor. Mas filme sobre holocausto é sempre melhor recebido por Hollywood. Vale lembrar que fora de Israel, os EUA são o país com maior percentual de população judia. E a comunidade judaica é poderosa na indústria cinematográfica e do entretenimento.

Mila: Desse babado eu não sabia! Enfim, hoje concordamos em tudo né! Milagres acontecem...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Foi Apenas um Sonho // Revolutionary Road

Vitor: Foi Apenas Um Sonho (Revolutionary Road) foi um dos filmes mais importantes da temporada, apesar de ter sido meio desprezado pelo Oscar. Reuniu novamente Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, depois do sucesso de Titanic. O filme foi dirigido pelo marido da Kate, Sam Mendes, que ganhou o Oscar por Beleza Americana. Já falei sobre ele aqui. O que achasse do filme?

Mila: Eu gostei. O pessoal que foi comigo divergiu um pouco na interpretação. Uns acharam que o filme queria passar a mensagem de que os casais não vivem num eterno amor e paixão, enquanto outros acharam que o filme passava a mensagem de que, às vezes, é melhor não dizer a verdade porque o único casal do filme que não se dá bem é eles, por serem sempre sinceros um com o outro. Depois a discussão foi se ela fez o aborto pra agradar o marido ou se ela fez o aborto porque queria fazer de qualquer jeito.

Vitor: Eu já entendi tudo diferente. O filme é uma denúncia da falsa felicidade que é vendida pras pessoas. Uma casa no subúrbio para criar os filhos, um emprego estável, as pessoas se acomodam nessa situação, mas na verdade elas não gostam dessa vida, mas tem medo de tentar algo diferente.

Mila: Sim, sim... Isso também... Mas acho que isso não é controverso... As pessoas preferem ter uma estabilidade a querer se arriscar, é a escolha que a maioria faz.

Vitor: Vivem uma felicidade de propaganda de margarina pra mostrar ao mundo e se iludem nessa farsa que criam.

Mila: Sei... Tem gente que vive assim porque gosta e tem gente que vive assim por escolha, pelos motivos que você disse aí em cima, para mostrar aos outros que vivem "bem".

Vitor: Mas muitos acreditam que são felizes assim e não são. Ela quer mudar de vida, coloca a idéia de Paris na cabeça, mas podia ser qualquer lugar, o importante era sair dali.

Mila: Muitos acreditam não, né. Eles mostram pra gente que acreditam, mas dentro de casa quando ninguém vê, eles sabem que são infelizes. Já essa parte do filme eu acho uma babaquice. Ser pobre lá e em Paris ia dar na mesma.

Vitor: Mas quanto mais se conta uma mentira, uma hora ela se torna uma verdade, você acaba acreditando nela. Tem gente q cria seu mundo, mas o baque sempre vem, e vem feio.

Mila: Não acho. Acho muito relativo isso de felicidade. Cada um quer uma coisa diferente. E são felicidades de maneiras diferentes. Ela precisava era mudar o jeito de viver.

Vitor: Sim, lógico. Mas ela era infeliz daquele jeito, e precisava mudar de alguma forma. Ela tomou uma atitude.

Mila: Concordo plenamente que o povo mente até pra si mesmo. Mas nem 8 nem 80... Ela foi pro outro extremo de querer mudar tudo. Achei uma ingenuidade.

Vitor: Não acho, não. O ambiente muda muito. Ela já viveu ali e sabia que aquela vida não era a dela.

Mila: Evidente. E não adianta discutir. Cada um acha uma coisa diferente porque ninguém é igual.

Vitor: ...ela queria ir pra Paris, porque era um lugar que ele gostava, uma forma de fazer ele se mover e tentar mudar. Ele se empolgou, mas depois amarelou, se conformou com um aumento no emprego que não ia mudar a vida dele, que ele nem gostava. Ou seja, caiu no conformismo. Mas os problemas deles lá continuariam sendo os mesmos, viver uma vida que eles não gostavam e nem se entendiam.

Mila: Rapaz, ele dizia que não gostava do trabalho até o dia em que ele foi elogiado e ele começa a gostar... Pelo menos é o que parece. Só que ela não tinha vida. Vivia só pra cuidar dos filhos, e isso não é vida. Por isso que ela queria uma mudança mais do que ele, até porque a vida dele começou a mudar de certa forma. Ele dizia que não queria viver a mesma vida do pai...

Vitor: Mas fazia a mesma coisa, o mesmo emprego. A vida era a mesma e ele se animou com a novidade, com a promoção, mas isso ia passar e acabar voltando pra estaca zero. Verdade que ela não sabia o que queria, só sabia que não queria aquilo lá. Já viveu o que tinha pra viver lá e estava pronta pra tentar novas coisas.

Mila: É... Mas ainda achei a personagem dela muito ingênua, porque ela não fez nada lá pra mudar a vida dela, e botou na cabeça que em Paris ela ia ser feliz. Acho que não é por aí... Mudar de cidade porque gosta mais da outra não quer dizer que vai ser bem mais feliz...

Vitor: Mas ela não tinha como mudar a vida dela lá.

Mila: Sempre tem... Era só arranjar um emprego que num instante ela parava de pensar besteira. O problema é que nenhum dos 2 sabia o que realmente queriam fazer da vida.

Vitor: Mas eram anos 50, no interior dos EUA, quando vendiam a imagem do “American dream”, “American way of life”, uma casa no subúrbio e uma geladeira era a vida dos sonhos e ao alcance de todos. Aquele não era o mundo dela. Ela era atriz. Frustrada, mas era... Ela ia arrumar um trabalho igual ao do marido e odiar.

Mila: Ahhh, então tá certo. Eu continuo achando que ela era muito imatura. Ela pensasse nisso antes de fazer os filhos dela. Não adianta discutir isso, cada um pensa numa solução diferente e pensa que faria algo diferente.

Vitor: Têm que entrar num consenso...

Mila: Eles... a gente não...