domingo, 11 de abril de 2010

Ilha do Medo // Shutter Island

Vitor: Isla del Miedo. O filme novo do Martin Scorsese, uma espécie de homenagem aos filmes Noir e paranóia dos anos 40. É mais uma parceria dele com Leonardo DiCaprio. O quarto filme deles juntos.

Mila: Não vi nenhum desses dois. Vou colocar na minha lista de filmes antigos que tenho de assistir. DiCaprio e Scorsese trabalharam juntos ainda em O Aviador, Os Infiltrados e Gangues de Nova York. Leonardo Di Caprio está para Scorsese, assim como Penélope Cruz está para Almodóvar.

Vitor: AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!! Filme Noir e filme de paranóia são dois gêneros de filmes!

Mila: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Fefu, me perdoe... Eu sei analisar o que gosto e o que não gosto, o que presta e o que não presta, mas ainda estou verdinha quanto a esses termos técnicos. Leitores: perdoem-me. Falha minha. (Muitíssimo envergonhada)

Vitor: _☺_ \☺_ \☺/ <☺/ <☺> \☺> \☺/ _☺_ êêê Macarena!

Mila: Que envergonhada o quê? Eu tou é rindo de mim mesma! (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)
Continuemos... faz favor, antes que eu cometa outra gafe.

Vitor: (Ri alto!) Enfim, o Leonardo DiCaprio é um agente designado de ir investigar o desaparecimento de uma interna de uma clínica psiquiátrica que fica em uma ilha. Com ele, vai também o seu novo parceiro, o Mark Ruffalo. Enfim, o filme é uma viagem só, e para quem vai assistir o importante é só saber o que eu já falei. Mais do que isso estraga. Mas eu posso citar que Ben Kingsley (Gandhi), Max von Sydow (O Exorcista), Patricia Clarkson (Vicky Cristina Barcelona) e Emily Mortimer (Querido Frankie) estão também no elenco. E a Michelle Williams, que foi de Dawson's Creek, Brokeback Mountain.

Mila: Acho que esse filme vai ser um dos grandes concorrentes ao próximo Oscar.

Vitor: Ou não. Sabe-se lá se vão lembrar dele daqui até lá.

Mila: Amei esse filme. Quem tiver tempo de assistir que assista e quem não tiver tempo que arrume.

Vitor: Pois é. Mas eu já vi bastante gente que não gostou. E dentre os que gostaram, tem aqueles que divergem opiniões sobre o final. O que pra mim foi bem óbvio, não sei como chegam a outras conclusões, mas enfim...

Mila: Vi duas pessoas dizendo que não gostaram apenas. Mas não entendi porque não gostaram, só me disseram que o filme era meio parado.
Ah, e o final, para mim, também foi bem óbvio. Já até conversamos outro dia sobre isso.
Para mim o filme foi maravilhoso, não vi nem o tempo passar porque ele prendeu toda a minha atenção. Havia horas em que eu esquecia até da pipoca!

Vitor: E eu nem pipoca tinha... Aliás, levei batatinha e refrigerante, mas a garrafa no saculejo da mochila estourou. Foi uma melegueira só...

Mila: Acho que não podemos contar muito né.... Hoje foi uma incrível unanimidade: comentamos 3 filmes e concordamos em tudo nos 3. Acho que é por isso que tá chovendo aqui em Maceió! Aí em San Francisco o tempo também está estranho?

Vitor: Tá não, tá normal.

Mila: hummm…

Preciosa // Precious

Vitor: Precious é um filme independente que estreou em Sundance no começo do ano passado. Fez sucesso no festival e Tyler Perry e Oprah decidiram ajudar na promoção do filme.

Mila: Dê logo a ficha completa, Vitor, deixe de enrolada! kkkkkk

Vitor: A direção é do Lee Daniels, e no elenco tem a estreante Gabourey Sidibe, a comediante Mo'Nique, Paula Patton e Mariah Carey. O roteiro é uma adaptação do livro "Push", da escritora Sapphire.

Mila: De início, aviso logo que o filme é um drama e é daqueles pra quem tem estômago. Precious, ou Preciosa, é uma garota pobre, negra e gorda. Ela já tem um filho e não consegue terminar o ensino médio.

Vitor: Ela mora sozinha com a mãe. O pai dela largou a mãe, e enquanto ele morava lá, ele abusava sexualmente dela. O pai dela era namorado da mãe, não eram casados. A filha dela era deficiente, porque é filha de incesto.

Mila: É messsssssssssssmo. A mãe dela mantém Preciosa em casa pois ela vive com o dinheiro do seguro social, pago em função da filhinha de Preciosa. Ela está grávida do segundo filho. Daí que a diretora do seu colégio manda ela pra uma espécie de escola onde Preciosa receberá uma atenção direcionada para os seus problemas. É aí que sua vida começa a mudar.

Vitor: Como ela engravida pela segunda vez, e ela é praticamente analfabeta, ela é expulsa da escola e vai para um centro alternativo de aprendizagem. E nesse centro ela tem a chance de se abrir com outras pessoas sobre os seus problemas, e então ela passa a ter uma atitude menos passiva em relação a vida.

Mila: Isso acontece quando ela conhece a nova professora e também a assistente social que é a Mariah Carey.

Vitor: Sim, com um visual completamente diferente do perua habitual.

Mila: Detaaaaaaaaaalhe!!! Resumindo, o filme é muito bom. Ele vem com o enredo de uma história muitíssimo interessante e tem um final também interessante.

Vitor: Exato.

Mila: Preciosa começa a viver sua vida de verdade. E o filme deixa a cargo de cada um, a lição que a história de Preciosa traz. Cada um escolhe o que quer apreender daquilo tudo. Enfim, mais uma raridade de filme, pois, além de ser bom, fez com que nós dois concordássemos que ele bom. Então acho que é um duplo "bom".

Vitor: Verdade. Eu gostei muito!

Mila: Ou seja, filme duplamente recomendado. Com a ressalva de que, aqueles que não gostam do gênero drama, nem vão assistir porque não vão conseguir digeri-lo.

Guerra ao Terror // The Hurt Locker

Vitor: Viu essa porcaria?

Mila: Ai, ai. Gostaria que alguém tivesse me avisado antes! Acho que nesse vamos concordar em muiiiiiita coisa.

Vitor: De vez em quando faz bem. Eu acho que já tinha te dito que não prestava antes. Mas eu vejo duas coisas boas por ele ter ganho o Oscar. A primeira, é porque ganhou de Avatar, óbvio. E a segunda, é que apesar dos pesares, é um filme pacifista. Apesar de unilateral.

Mila: Meu filho, dê logo a ficha técnica para que possamos acabar com essa tormenta!

Vitor: Filme independente, que estreou em Sundance, dirigido pela Kathryn Bigelow (primeira mulher a ganhar um Oscar de direçao), roteiro de Mark Boal. No elenco, Jeremy Renner (SWAT), Guy Pearce (Amnésia, Priscilla - A Rainha do Deserto), Evangeline Lilly (Lost), David Morse (À Espera de Um MIlagre). Mais alguma coisa?

Mila: Me disseram que ela é ex-esposa de alguém importante. De quem é mesmo?

Vitor: James Cameron. Era só o que se falava durante as premiações. Ex-cônjuges competindo pelos prêmios de direção. O único que ela perdeu foi o globo de ouro. Levou todos os outros. Para quem vive na lua, ou em Plutão, James Cameron fez Avatar, Titanic, O Exterminador do Futuro, Alien (o 2), True Lies, O Segredo do Abismo, entre outros.

Mila: Vamos às concordâncias verbais e nominais: concordo que o filme é unilateral e ao mesmo tempo pacifista. Não é um péssimo filme, mas chegou em uma época em que já foram feitos milhares de filmes de guerra, nos quais os "coitadinhos" dos americaninhos são mandados pra guerra e sofrem horrores. E também concordo que Avatar não merecia "O" Oscar, mas a minha escolha também não seria Guerra Ao Terror, definitivamente.

Vitor: Indeed.

Mila: Não sei, talvez se esse filme tivesse saído antes da leva de milhares de filmes de guerra, talvez eu gostasse um pouco mais dele. Mas, mesmo assim, ainda não ia amá-lo, pois fico contrariadíssima com essa história de os EUA inventarem guerra em países problemáticos (geralmente por interesses escusos) e depois ficarem querendo dizer que são uns coitadinhos e que seus jovens são mortos na guerra.

Vitor: Eu não iria gostar. Pelo simples motivo de ser enfadonho.

Mila: Detalhe que eles mesmos começam guerras desnecessárias e dão uma de coitados pelo fato de seus jovens morrerem lá, porém eles mesmos não dão uma assistência decente pros "coitados" que voltam totalmente desajustados depois do que passam lá.

Vitor: Mas não há assistência que cure, né?

Mila: Pois, não é!?

Vitor: Sejamos racionais. Muito difícil alguém voltar de uma guerra como quem foi passar o fim de semana em Paripueira.

Mila: E, ao mesmo tempo, morro de pena desses meninos que se alistam novinhos, pois vão voltar de lá totalmente sequelados. E o mundo inteiro sabe disso, mas eles não enxergam porque a lavagem cerebral é muito grande.

Vitor: Eu não tenho pena nenhuma. É igual a gente que anda em brasa: só pisa porque quer.

Mila: Bem, eu ainda sinto sim pena da maioria. Vejo eles como marionetes nas mãos de um governo amplamente conceituado em manipulação mental. Enfim, na minha modesta opinião, quem deveria ter ganho o Oscar era o Bastardos Inglórios. Ou então, Preciosa. Vamos a eles? Jesus, o céu vai cair aqui em Maceió!

Vitor: Bastardos a gente já brigou a respeito. Hoje em dia gosto mais, mas continuo achando a carnificina exagerada. Tá chovendo muito aí?

Mila: Tá chovendo não, tá caindo um toró (em Alagoas, é chuva forte). Por fim, quem tiver escolha que assista outro filme porque esse aqui já está "miado" (em Alagoas, isso significa que é algo que já aconteceu muito/repetitivo). Então vamos comentar Preciosa, pois estou ansiosa! Até rimou.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bastardos Inglórios // Inglourious Basterds

Mila: Assisti Bastardos Inglórios

Vitor: Gostou?

Mila: Achei massa. Adorei os acontecimentos. O filme começa na França ocupada pelos nazistas, onde uma judia, Shosanna, testemunha a execução de sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa. Após uma ótima introdução com uma intensa conversa entre os personagens de Denis Menochet e Waltz, a jovem consegue escapar e foge para Paris, onde cria uma nova identidade como dona de cinema. Enquanto isso, também na Europa, o tenente Aldo Raine (Pitt) forma um grupo de soldados judeus para aterrorizar os nazistas. Conhecido por seus inimigos como Os Bastardos, o esquadrão de Raine se junta à atriz alemã e agente infiltrada Bridget Von Hammersmark em uma missão para derrubar os líderes do Terceiro Reich. E os destinos convergem para o cinema onde Shosanna está planejando a sua vingança.

Vitor: O filme é mais novo filme do Tarantino, tem vários atores famosos, tipo Brad Pitt, Diane Krüger e Mike Myers (numa pontinha), e alguns ilustres desconhecidos, tipo o Christoph Waltz, que tem a melhor atuação do filme. E eu já comentei sobre ele aqui. Gostei até o último terço, depois perdeu a graça...

Mila: E o filme acabou, né? Não dava pra ter mais graça.

Vitor: Nada disso. Depois tem em torno de meia hora de filme ainda. Muita coisa acontece. Achei sádico demais.

Mila: A cara dele.

Vitor: Esse foi mais exagerado. Perdeu o senso de humor. A maioria dos filmes dele a gente ri da violência, pelo aspecto inesperado e caricato dela.

Mila: Ué.... Kill Bill é assim também... Você não tava de bom humor porque eu mesma ri das “nojeiras” lá...

Vitor: Eu tava... E tava gostando. Até determinado momento. Aí depois morgou tudo. Dou 6,5 pra ele.

Mila: Dou 9,0. Adoreiii.

Vitor: Eu concordo com os críticos de Cannes, que não gostaram tanto assim dele também. Achei engenhoso, entretanto.

Mila: Tudo isso pela questão da violência?

Vitor: Acho que algumas coisas ali não precisavam acontecer.

Mila: Por que não? Vocês são um bando de frustrados (nada pessoal)... O cara escolheu fazer isso e você tem que analisar se o conjunto ficou bom, não o que você preferia que ele fizesse.

Vitor: Ué, tô analisando o conjunto! Ele não soube brincar. Tava brincando de chulipa e lascou logo a porrada.

Mila: Ele quis mostrar que numa guerra, os dois lados perdem. E na vingança também. Se você comete um crime, isso não prejudica só a vítima, prejudica você também. E tem ainda aquela história de que nenhum crime é perfeito, porque realmente não é... Sempre acontece algo inesperado. Você tá é dizendo o que ele deveria fazer...

Vitor: Ué! Pra melhorar o conjunto! Pra perder metade do exagero. Ele cruzou da linha do caricato e caiu no sádico. E não vem com essa "psicologia forense" porque não vem ao caso...

Mila: Despeitado! kkkkkkkk O filme realmente ficou sádico... Concordo plenamente... Mas essa foi a intenção e ele obteve o que queria: causar essa reação. Mas não é porque ele caiu no sádico que ficou ruim. Dentro sádico foi bom.

Vitor: Não ficou ruim. Mas nem bom também... E a reação foi perder o prêmio do festival? Porque quem se inscreve em festival normalmente é porque quer ganhar o prêmio.

Mila: E daí? As pessoas pensam diferente... Injustiças acontecem o tempo todo nessas premiações. Além do mais gosto é que nem "..", cada um tem o seu. Não é porque antes ele era caricato que ele tem que continuar sendo.

Vitor: Não, não precisa. Mas ele passou de uma coisa pra outra em um filme só... Eu acho que as citações, simbolismos e insinuações do filme são muito mais interessantes do que ele em si.

Mila: Concordo que as citações, os simbolismos e as insinuações são muito interessantes. Eita, vou ali um instante e a gente continua já o cunversê...


+ de 1 hora depois...


Vitor: Ligeiro!

Mila: Sim... Continuando e lhe respondendo. Acho que o interessante é o conjunto, uma coisa sem a outra perde a graça.

Vitor: Elementar, minha cara, lógico! Mas elementos prejudicam o conjunto. Tipo uma casa belamente decorada com um elefante colorido no meio. Estraga tudo.

Mila: Ai Vitor, pelo amor de Deus o que é que tem de tão destoante assim no filme? Sinceramente não achei nada destoando. Ele quis ser sádico, mas colocou uma "gracinha" em algumas partes pra não ficar tão pesado. E o final foi perfeito. Já bastava a tensão do filme inteiro, no final ele simplesmente deixa a gente relaxar um pouco, mas só um pouco. Bem, achei o filme bom demais da conta e olha que nem sou tão fã do Tarantino. Gostei de Cães de Aluguel, mas nunca consegui assistir nenhum dos Kill Bill todo, sempre durmo antes de acabar. Nunca assisti Pulp Fiction. E gostei do Kill Shot que foi apenas produzido por ele.

Vitor: Enfim, a cena mais engraçada é o Brad Pitt falando italiano. O “arrivederci” dele já é histórico. E a cena plasticamente mais bonita é a judia passando maquiagem.

Mila: A cena mais engraçada é essa mesmo. Mas enfim, não achei que ele quisesse realmente empregar um tom caricato ao filme. As risadas que ele causa servem para que o filme não fique chocante demais, do contrário ficaria muito indigesto. Já bastam os "20" Jogos Mortais que existem por aí! E os atores estão sensacionais. Adorei a Shosanna e o Hans Landa.

Vitor: O filme é caricato em si. Iguais a maioria dos outros dele. E o filme tem dois personagens claramente caricatos: o do Brad, e o Hitler (que eu achei dispensável. Ele podia ser só uma sombra que passava). Mas passa do ponto no terço final. Por isso que eu acho que perde a graça. Ele reescreveu a guerra de uma maneira que ficasse mais cinematográfica.

Mila: Ao meu ver, ele não reescreveu a guerra, reescrever seria pegar um acontecimento real e dar um outro enfoque a ele. Ele criou uma história fictícia dentro de um contexto real. Mas a história é fictícia. O Brad é caricato até certo ponto, pois se não fosse, as cenas em que ele aparece (geralmente cenas grotescas) ficariam muito pesadas.

Vitor: Ué, a guerra não foi um acontecimento real? E ele reescreveu o fim da guerra.

Mila: A Guerra foi, mas ele criou uma história que não aconteceu. Nem o fim da guerra se deu daquela forma, nem houve os bastardos até onde sei.

Vitor: Então ele reescreveu a historia da guerra. Deu outro rumo.

Mila: Até onde sei Hitler se suicidou. Pelo menos foi isso que aprendi.

Vitor: Sim. Seus argumentos só corroboram mais a minha tese...

Mila: Em que ponto eu estaria corroborando a sua tese? Como já disse, para mim, reescrever é dar outro enfoque apenas, pois ninguém pode voltar no tempo e mudar a história, reescrevendo-a.

Vitor: Ai, Jeová! Aurélio já!

Mila: Serve Larousse? "Reescrever = escrever outra vez." A história é totalmente fictícia. Ele usa um CONTEXTO que foi real sim. Mas a história é pura ficção. Reescrever é escrever uma coisa outra vez. Combinemos que ninguém pode reescrever um fato que já ocorreu modificando-o, pois para modificá-lo seria necessário voltar no tempo e revivê-lo para então mudar o seu rumo. Deixemos a história do reescrever de lado.

Vitor: Ué! Ele modificou a história. Dentro do filme. A Guerra aconteceu, ora pombas! Ele reescreveu a história da Guerra. Igual se ele escrevesse Chapeuzinho Vermelho onde ela tivesse um revólver e atirasse no lobo mau no meio do bosque. Ou então Cleópatra tivesse vivido “feliz para sempre” com Júlio Cesar. Não precisa ter uma máquina do tempo e mudar a história da humanidade. Ele pegou uma história real e deu outro rumo. Reescreveu o desandar da Guerra.

Mila: Não, ele criou uma história fictícia. Apenas não se deu o trabalho de criar um novo contexto, usou um já pronto que foireal e amplamente conhecido.

Vitor: Novamente, todos os argumentos que você usou só evidenciam que ele reescreveu a história...

Mila: Meu filho, não vou ficar discutindo semântica com você. ;D

Vitor: Pois é! Pergunte a Dona Terezinha (avó dela, professora de português) que ela te explica.

Mila: Para mim, ele usou justamente o contexto da II Guerra Mundial para criticar o holocausto. E para satisfazer um desejo que, pelo menos eu teria se vivesse durante a Guerra. Minha frase no final do filme foi "O Tarantino se vingou por nós!".

Vitor: Enfim. Essa conversa já ficou chata. A gente briga da próxima vez falando de outro filme...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Milk

Vitor: E aí? O que achaste do filme?

Mila: Achei maravilhoso! Um dos que merecia o Oscar de melhor filme, no lugar de Quem Quer Ser Um Milionário.

Vitor: Eu também. Acho que esse ano muitos filmes bons foram indicados. Mas colocaram na cabeça que o "indiano" era superior. Na verdade os acordos financeiros entre as produtoras americanas e indianas em tempos de crise devem ter "ajudado" muito nessas escolhas.

Mila: Com certeza. O protagonista é Sean Penn, que por sinal está maravilhoso. Ele mereceu a estatueta de melhor ator!

Vitor: O segundo dele, por sinal. Lembrando que o filme foi dirigido pelo Gus Van Sant, que ficou famoso por filmes como Gênio Indomável, com o Matt Damon, e Garotos de Programa, com River Phoenix e Keanu Reeves. Sean Penn faz o militante Harvey Milk, primeiro político abertamente homossexual dos EUA. Ele era o "prefeito" do distrito do Castro, o bairro gay da cidade.
Além do Sean Penn, há outros famosos no elenco: James Franco, Emile Hirsch, Diego Luna e o Josh Brolin, indicado a coadjuvante. Além de melhor ator, o filme ganhou Oscar de roteiro original para Dustin Lance Black, que há algumas semanas foi mais um dos famosos a ter uma sex tape divulgada na web.

Mila: Que babado, hein! Enfim, o filme mostra a luta dos homossexuais para vencer o preconceito e ingressar no mundo da política.

Vitor: O que hoje em dia não é nada comum também, diga-se de passagem.

Mila: Pois é, eu digo que atualmente de todas as pessoas que dizem não ter preconceito, metade realmente aceita, enquanto a outra metade finge que aceita.
Eu não tenho muito o que comentar sobre o filme, pois achei maravilhoso. O filme é bem feito e a história do personagem principal é muito interessante. O filme mostra não só o preconceito, mas também a repressão que os homossexuais sofriam.

Vitor: E ainda sofrem né! A vida continua não sendo nenhum mar de rosas para qualquer minoria.

Mila: É verdade. Um exemplo disso foram os atentados sofridos por um grupo que se reuniu após a Parada Gay esse ano em São Paulo. Jogaram até bomba caseira.

Vitor: Não só isso. A repressão das pessoas, da sociedade, que diz que aceita numa boa, contanto que seja escondido nos becos. Ou seja, uma forma clara de discriminação, já que não há inserção social. Os exemplos são diversos. Poderíamos passar o dia citando.

Mila: A isso chamamos de HIPOCRISIA. E acho melhor pararmos por aqui, pois o filme, assim como a vida real, falam por se sós.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Leitor // The Reader

Vitor: O Leitor foi dirigido pelo Stephen Daldry, que dirigiu apenas 3 filmes: Billy Elliot, As Horas e esse. Foi indicado ao Oscar pelos 3. É também o último projeto dos diretores e produtores Sydney Pollack e Anthony Mighella. Anthony ganhou o Oscar por O Paciente Inglês e fez Cold Mountain e O Talentoso Mr. Ripley. Pollack ganhou o Oscar por Entre Dois Amores e fez Tootsie, A Intérprete, A Firma e Os Fabulosos Baker Boys. Ambos morreram durante as filmagens. Que chato...

Mila: E só quer ser O Exorcista!

Vitor: Nada a ver né...

Mila: Fale-me do elenco!

Vitor: Kate Winslet foi contratada para o papel principal, mas estava filmando Foi Apenas Um Sonho, então Nicole Kidman assumiu e começou a filmar. Nicole engravidou... Então Kate voltou e terminou o filme, já que ela já tinha acabado "Sonho". No elenco estão ainda Ralph Fiennes e David Kross (o mesmo papel do Ralph, quando jovem). David é alemão e teve de decorar as falas em inglês, uma vez que tinha um conhecimento básico da lígua.

Mila: Bem, a história se passa na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial. Apesar da história se passar na Alemanha, a comunicação entre os personagens se dá pelo inglês.

Vitor: É um dos furos do filme, mas isso acontece. Coisas parecidas já fizeram antes com, por exemplo, O Último Imperador, do Bernardo Bertolucci, que se passa na China, e O Beijo da Mulher Aranha, que se passa no Brasil (e com elenco quase todo braisleiro).

Mila: Isso é verdade. Mas o filme é muito bom mesmo. Conta a história de um jovem alemão que se apaixona por uma mulher mais velha.

Vitor: Mas ela desaparece da vida dele da mesma forma que entrou. Anos mais tarde, quando estudava direito. ele a reencontrou sendo julgada por crimes de guerra.

Mila: Isso! Então ele se encontra perdido em seus sentimentos.

Vitor: O filme não tem muito o que comentar não. É uma história bonita, e o bom dela é que ele não a julga em momento algum. A trata como uma pessoa com virtudes e defeitos, independente das suas ações.

Mila: O filme é maravilhoso e rendeu à Kate um Oscar de melhor atriz. O que já é propaganda suficiente para ser assistido!

Vitor: Ela ganhou depois de ser indicada 6 vezes. Ela com certeza é a melhor atriz da sua geração.

Mila: Na verdade, acho que o papel dela em Foi Apenas um Sonho exigiu mais do seu trabalho... Mas ela ganhou o Oscar mesmo assim e tá valendo.

Vitor: Eu também achei melhor. Mas filme sobre holocausto é sempre melhor recebido por Hollywood. Vale lembrar que fora de Israel, os EUA são o país com maior percentual de população judia. E a comunidade judaica é poderosa na indústria cinematográfica e do entretenimento.

Mila: Desse babado eu não sabia! Enfim, hoje concordamos em tudo né! Milagres acontecem...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Foi Apenas um Sonho // Revolutionary Road

Vitor: Foi Apenas Um Sonho (Revolutionary Road) foi um dos filmes mais importantes da temporada, apesar de ter sido meio desprezado pelo Oscar. Reuniu novamente Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, depois do sucesso de Titanic. O filme foi dirigido pelo marido da Kate, Sam Mendes, que ganhou o Oscar por Beleza Americana. Já falei sobre ele aqui. O que achasse do filme?

Mila: Eu gostei. O pessoal que foi comigo divergiu um pouco na interpretação. Uns acharam que o filme queria passar a mensagem de que os casais não vivem num eterno amor e paixão, enquanto outros acharam que o filme passava a mensagem de que, às vezes, é melhor não dizer a verdade porque o único casal do filme que não se dá bem é eles, por serem sempre sinceros um com o outro. Depois a discussão foi se ela fez o aborto pra agradar o marido ou se ela fez o aborto porque queria fazer de qualquer jeito.

Vitor: Eu já entendi tudo diferente. O filme é uma denúncia da falsa felicidade que é vendida pras pessoas. Uma casa no subúrbio para criar os filhos, um emprego estável, as pessoas se acomodam nessa situação, mas na verdade elas não gostam dessa vida, mas tem medo de tentar algo diferente.

Mila: Sim, sim... Isso também... Mas acho que isso não é controverso... As pessoas preferem ter uma estabilidade a querer se arriscar, é a escolha que a maioria faz.

Vitor: Vivem uma felicidade de propaganda de margarina pra mostrar ao mundo e se iludem nessa farsa que criam.

Mila: Sei... Tem gente que vive assim porque gosta e tem gente que vive assim por escolha, pelos motivos que você disse aí em cima, para mostrar aos outros que vivem "bem".

Vitor: Mas muitos acreditam que são felizes assim e não são. Ela quer mudar de vida, coloca a idéia de Paris na cabeça, mas podia ser qualquer lugar, o importante era sair dali.

Mila: Muitos acreditam não, né. Eles mostram pra gente que acreditam, mas dentro de casa quando ninguém vê, eles sabem que são infelizes. Já essa parte do filme eu acho uma babaquice. Ser pobre lá e em Paris ia dar na mesma.

Vitor: Mas quanto mais se conta uma mentira, uma hora ela se torna uma verdade, você acaba acreditando nela. Tem gente q cria seu mundo, mas o baque sempre vem, e vem feio.

Mila: Não acho. Acho muito relativo isso de felicidade. Cada um quer uma coisa diferente. E são felicidades de maneiras diferentes. Ela precisava era mudar o jeito de viver.

Vitor: Sim, lógico. Mas ela era infeliz daquele jeito, e precisava mudar de alguma forma. Ela tomou uma atitude.

Mila: Concordo plenamente que o povo mente até pra si mesmo. Mas nem 8 nem 80... Ela foi pro outro extremo de querer mudar tudo. Achei uma ingenuidade.

Vitor: Não acho, não. O ambiente muda muito. Ela já viveu ali e sabia que aquela vida não era a dela.

Mila: Evidente. E não adianta discutir. Cada um acha uma coisa diferente porque ninguém é igual.

Vitor: ...ela queria ir pra Paris, porque era um lugar que ele gostava, uma forma de fazer ele se mover e tentar mudar. Ele se empolgou, mas depois amarelou, se conformou com um aumento no emprego que não ia mudar a vida dele, que ele nem gostava. Ou seja, caiu no conformismo. Mas os problemas deles lá continuariam sendo os mesmos, viver uma vida que eles não gostavam e nem se entendiam.

Mila: Rapaz, ele dizia que não gostava do trabalho até o dia em que ele foi elogiado e ele começa a gostar... Pelo menos é o que parece. Só que ela não tinha vida. Vivia só pra cuidar dos filhos, e isso não é vida. Por isso que ela queria uma mudança mais do que ele, até porque a vida dele começou a mudar de certa forma. Ele dizia que não queria viver a mesma vida do pai...

Vitor: Mas fazia a mesma coisa, o mesmo emprego. A vida era a mesma e ele se animou com a novidade, com a promoção, mas isso ia passar e acabar voltando pra estaca zero. Verdade que ela não sabia o que queria, só sabia que não queria aquilo lá. Já viveu o que tinha pra viver lá e estava pronta pra tentar novas coisas.

Mila: É... Mas ainda achei a personagem dela muito ingênua, porque ela não fez nada lá pra mudar a vida dela, e botou na cabeça que em Paris ela ia ser feliz. Acho que não é por aí... Mudar de cidade porque gosta mais da outra não quer dizer que vai ser bem mais feliz...

Vitor: Mas ela não tinha como mudar a vida dela lá.

Mila: Sempre tem... Era só arranjar um emprego que num instante ela parava de pensar besteira. O problema é que nenhum dos 2 sabia o que realmente queriam fazer da vida.

Vitor: Mas eram anos 50, no interior dos EUA, quando vendiam a imagem do “American dream”, “American way of life”, uma casa no subúrbio e uma geladeira era a vida dos sonhos e ao alcance de todos. Aquele não era o mundo dela. Ela era atriz. Frustrada, mas era... Ela ia arrumar um trabalho igual ao do marido e odiar.

Mila: Ahhh, então tá certo. Eu continuo achando que ela era muito imatura. Ela pensasse nisso antes de fazer os filhos dela. Não adianta discutir isso, cada um pensa numa solução diferente e pensa que faria algo diferente.

Vitor: Têm que entrar num consenso...

Mila: Eles... a gente não...